As amoreiras estão carregadas
Os ipês amarelos floriram. Alguns ainda estão carregados; outros começam a trocar de roupa, vestindo as folhas verdes que servem de traje na maior parte do ano.
As tipuanas ensaiam sair com suas flores amarelas, não para imitar os ipês, mas para provocar as sibipirunas. E conseguem. As sibipirunas estão se movimentando e a cidade é quem ganha, ficando florida mais tempo, com outras árvores ocupando o espaço dos ipês amarelos, como se tivessem combinado com os jacarandás mimosos, que também começam a dar as caras.
Como quem não quer nada, um novo personagem entra no jogo. As amoreiras começam a entregar seus frutos maduros. Azuis, quase negros, na sequência que começa verde, avança para o vermelho, o bordô, até o azul quase negro, indicando que estão maduros.
As amoreiras são arbustos grandes, quase árvores, espalhadas com mais ou menos intensidade pelos jardins de São Paulo.
Descobri que as frutas estão no ponto caminhando pela Cidade Universitária. Lá, ao longo das ruas e avenidas, tem algumas amoreiras, não sei se plantadas de propósito ou se nascidas por acaso. Tanto faz, estão lá e estão carregadas.
Afirmar que estão carregadas é uma temeridade. Quando as pessoas descobrem as frutas, elas somem rapidamente. Eu sei porque, ao ver os frutos, não faço cerimônia. Vou para baixo da planta, catar as amoras nos galhos.
Às vezes, ao mordê-las, sentimos as frutas secas, como se não tivessem sumo, mesmo estando na cor certa e com aparência deliciosa. Não sei se é a poluição, mas é como se elas ficassem sem gosto. É assim. Umas secam, outras não. Estas valem a viagem.
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