O saque continua
É um absurdo inacreditável, mas a coisa continua como se não fosse com a Prefeitura. Os saques contra o Cemitério da Consolação, além de atos criminosos, mostram a absoluta indiferença da prefeitura que não gosta da cidade com os mortos e seus familiares.
A diferença entre os ladrões de túmulos egípcios e os ladrões de túmulos paulistanos é que os primeiros saqueiam as tumbas milenares para vender seu conteúdo no mercado internacional. Os ladrões brasileiros, não. A coisa é tão subdesenvolvida, que roubam para derreter o bronze e o cobre.
Tanto faz se levam uma estátua ou as placas com os nomes dos mortos, o destino é o mesmo: a fornalha onde o metal é derretido. O duro é que, nesta corrida estúpida, corremos o risco de perder obras de arte importantes, assinadas pelos maiores artistas nacionais, do porte de Brecheret e outros, que fizeram peças para enfeitar a última morada de dezenas de pessoas enterradas nos cemitérios paulistanos.
O descaso da Prefeitura aparece nítido em algumas peças roubadas. Estátuas de mais de 200 quilos. Ninguém tira uma estátua de 200 quilos colocando-a no bolso.
Da mesma forma, ninguém arranca as portas de metal de um túmulo sem um mínimo de ferramentas, ou seja, o trabalho leva tempo. E, curiosamente, ninguém vê, ninguém ouve, ninguém sabe de nada.
Quanto ao policiamento, é uma brincadeira de mau gosto dizer que, durante o dia, 3 guardas municipais fazem a ronda do Cemitério e que, de noite, são 6.
Se a Prefeitura tivesse o mínimo interesse em resolver o problema, instalava câmaras de vigilância, mas isso implica em identificar os ladrões. Não seria de estranhar não terem interesse nisso.
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