Noite de São Paulo
Tirando Deus, que é eterno, tudo no universo, do “Big Bang” para frente, teve começo. A maior parte das vezes com começo discreto, sem chamar a atenção, como as nascentes dos rios, que depois se transformam no Amazonas, no Nilo ou no Mississipi, atravessando milhares de quilômetros, distribuindo vida nas suas águas.
O teatro brasileiro também teve seu começo. Não surgiu num único dia, num único espetáculo, mas foi se consolidando, a partir do século 19, até chegar aos dias de hoje, com grandes espetáculos, grandes atores e grandes autores, que, invariavelmente, são também grandes atores, como Juca de Oliveira.
Entre as montagens que marcaram época e deram início ao processo que resultou na criação da Escola de Arte Dramática, hoje incorporada pela USP, está a peça “Noite de São Paulo”, escrita, dirigida e montada por Alfredo Mesquita, no Teatro Municipal, no ano de 1936.
A história se passa numa fazenda paulista em duas épocas distintas, o primeiro e o terceiro ato em 1936 e, o segundo, na década de 1870.
Com texto e direção de Alfredo Mesquita, música de Dinorá de Carvalho, com letras de Guilherme de Almeida, cenário de J. Wast Rodrigues e figurinos executados pela Casa Mappin, a montagem trazia, entre os amadores que compunham o elenco, nomes como Magdalena Lébeis e Abílio Pereira de Almeida, que depois brilhariam na vida cultural brasileira.
Curiosamente, entre os nomes do programa, aparece meu avô, Antonio Mendonça, como o ensaiador da peça.
Como eu sei disso tudo? Porque meu amigo e companheiro de Academia Paulista de Letras, o extraordinário maestro Júlio Medaglia, me deu de presente um exemplar do programa da reapresentação da “Noite de São Paulo”, no Teatro Municipal, na noite de 5 de dezembro de 1936.
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