Os Ipês vão chegando
Com crise, sem crise, com desemprego, falências, empresas saindo do mercado, falta de mercado, falta de dinheiro, juros altos e o mais que inferniza os brasileiros, passando pela dengue, chicungunya e zika vírus, para ficar no básico, os ipês estão chegando.
Para eles tanto faz todos os tantos fazem que levam tanta gente a ficar triste, amuada, sem vontade de nada, exceto pensar mal de gente que se deveria dar o respeito, mas que não faz, nem fez, nada muito certo. Daí pensarem mal deles.
Para os ipês o ciclo do sol se cumpriu, a lua percorreu suas casas no universo e a estrela d’Alva apontou no horizonte, dizendo que a hora é deles e que é favor tomarem lugar no grande palco da cidade de São Paulo.
Se há um momento para competir e vencer, é agora. Na roda das alternâncias, a vez dos ipês vem com os meses mais secos, mas com céu mais azul.
A natureza não é mais como foi. Ninguém se lembra direito como era a garoa que caía na terra da garoa, mas até isso para os ipês é indiferente. Com garoa, como era no passado, ou sem garoa, como é no presente, a florada explode nos galhos de todos os tamanhos e enfeita as árvores, como se todo dia fosse dia de festa.
Os sabiás sabem que, depois das paineiras, é a vez dos ipês e que, para não perder o bonde das flores, é preciso ser rápido. Eles tentaram, mas não contavam com a capacidade de articulação dos bem-te-vis e dos periquitos. Agora, a disputa pelos galhos floridos se transformou em briga de foice no escuro, com golpes altos e baixos justificando cada lance.
E os ipês? Os ipês são politicamente incorretos. Então, para eles vale tudo. Se é briga para quem pousa no meio das flores, podem se matar, aqui está meu galho. Que vença o mais safo.
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