Vacas, galinhas e perus
Minha tia Quita contava que, quando ela era menina, na casa do meu bisavô, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, tinha sempre uma vaca para garantir o leite fresco, tirado na hora. Ele tinha um sítio em Santo Amaro, de onde as vacas vinham para o centro, num sistema de rodízio, que deixava a casa sempre abastecida.
Quando eu contei isso para o Dr. Helio Falcchi, pai dos meus amigos Mira e Kiko, ele me disse que na casa dos pais dele, na avenida Paulista, tinha um galinheiro com galinhas, patos e perus.
São histórias da primeira metade do século passado, que fazem sentido levando em conta o tamanho da cidade e as condições de vida dos paulistanos.
Mas, com todas as mudanças, com o progresso enorme da metrópole, a urbanização acelerada e os milhões de moradores, a tradição continua.
Eu já escrevi sobre ela, narrando as galinhas numa praça na beira da Rua Cássio Martins Villaça, no Pacaembu. É impressionante ver as aves soltas, ciscando no chão, como se estivessem num terreiro de fazenda.
E todas as manhãs, quando eu acordo, ouço um galo cantando em algum lugar próximo da minha casa.
Mistérios e fatos de uma cidade grande que, de verdade, são várias cidades, com cada região guardando características que a fazem única e parecida com cidades de praia, cidades do interior e até uma importante Capital.
São Paulo é mágica. A vida acontece em galinhas nos quintais, vacas nas marginais, cavalos nas praças de bairro e, pasme!, cobra em elevador de prédio chique em pleno Morumbi.
Quem pode, pode. A vida segue em frente, agora, nos saguis que moram na cidade e dividem as árvores com as aves.
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