Gigu, Candiru e Tramafax
No começo de seu livro “A Saga do Mar Sem Fim”, João Lara Mesquita lembra a casa de Cananéia, de meu pai, Jorge Mesquita Mendonça e de meus tios Julio de Salles Oliveira e Ruy Mesquita.
Lembra o Chicão, a Baía do Trepandé, a Ilha da Casca, o Rio Itapitangui. Lembra os bolos nas linhas quando errávamos nos lançamentos do anzol com isca viva para pescar robalos.
Faltou lembrar a chuva, que era condição de tempo normal pelo menos desde 1532, quando Martim Afonso de Souza ficou 40 dias debaixo de água, até que decidiu navegar de volta para o Porto dos Escravos, que promoveu a Vila de São Vicente, dando início à colonização do Brasil.
Outro dia me lembrei do chocolate quente, que nos esperava de manhã bem cedo, antes de sairmos para pescar. E das botas de borracha.
E lembrei dos três barcos de alumínio com motor de popa, um de cada primo, usados para pescar. O Gigu, o Candiru e o Tramafax.
O Gigu foi o primeiro, comprado de um japonês para substituir os skifs de madeira, usados originalmente.
Os outros dois foram fabricados nas oficinas da Companhia Paulista de Laminação – mais conhecida como “A Usina” –, de propriedade de meu pai e de tio Júlio de Salles Oliveira. Era uma laminação de aços especiais, mas que, entre outras coisas, também fabricava barcos de alumínio.
Os nomes estranhos dos três barcos têm explicação: O Gigu já veio com o nome, o que quer dizer que deve significar algo em japonês. Já os outros dois foram batizados por tio Julio. Candiru é um pequeno peixe da Amazônia, que entra em alguns buracos especiais do corpo humano. E Tramafax foi tirado de um filme. Era como um dos personagens convidava as moças para dormirem com ele: Vamos fazer Tramafax?
Confesso que me deu saudades.
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