De onde vem o fanatismo?
De onde vem o fanatismo? Não apenas o que aconteceu na França, mas o fanatismo que atravessa os séculos e que é encontrado entre os homens desde o começo de nossa aventura sobre a terra?
De onde vem a loucura que leva alguém a se explodir, como faz a mulher bomba, ou a ansiar pelo martírio, devorado pelas feras no circo romano, como os primeiros cristãos?
De onde vem a confiança absoluta, a adoração, a entrega total ao líder, que determina como será – se assim ou assado – para que o seguidor se atire, incondicionalmente, de ponta cabeça, do alto da ponte, no meio da estrada, num atentado sem sentido?
Que força mórbida leva alguém a matar sem compaixão quem ele nunca viu, nem nunca lhe fez nada, em nome de uma ideia, de uma causa sem sentido, da promessa de uma vida melhor na outra vida?
O cristão ansiava pelo paraíso, na companhia de Cristo e dos santos. O muçulmano acredita na morte em combate como passaporte para o céu. O terrorista basco queria a independência de sua terra. O terrorista irlandês a da sua. O Khmer Rouge era simplesmente a loucura.
Cada um quer uma coisa e mata e morre por ela. Mas e quem não tem nada com isso? Quem apenas está no lugar errado, na hora errada, será que ele tem que morrer só para fazer a vontade do outro?
Cada um é cada um e sabe de si. Mas a vida dos outros pertence aos outros. Quem somos nós para nos imaginarmos deuses e dispor dela?
O terrorismo, o ato de matar por matar, sem remorso, sem culpa, sem ter nada contra a vítima, apenas para criar pânico, não é racional, por isso não é humano. Todo terrorista é uma besta fera que precisa ser contida, custe o que custar.
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