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Crônicas & Artigos

em 15/07/15

Sol e frio

Pra quem acha que existe, não existe. Não há qualquer relação entre o sol e o frio. Quantos dias infernalmente quentes são nublados? E quantos dias gelados não têm uma nuvem no céu? Coisas da natureza, quem somos nós para dar palpite?

No inverno é comum os dias serem profundamente azuis. De um azul mais claro, mas, mesmo assim, profundamente azul. Transparente, com o horizonte longo, feito água de piscina com fundo azul claro.

O problema é o frio. Os dias mais frios costumam ser os dias sem nuvens. Os dias de céu azul. E tem lógica, porque nestes dias não há retenção de calor. Sem nuvem, o calor sobe e vai se embora, deixando o ar perto do chão gelado, ainda mais quando acontece logo depois de uma frente fria passar.

Eu não sou homem do tempo, nem entendo nada de clima. Mas sinto frio e calor como qualquer outra pessoa. Gosto do frio, na hora de se ter frio, da mesma forma que gosto do calor, na hora de se ter calor.

Conheço pouca gente que vai para uma praia de biquíni num dia gelado de inverno. Como também conheço pouca gente que dorme com pijama de flanela numa noite escaldante de verão.

É uma questão de conforto, de bem estar, de não sentir frio ou calor. O problema é que São Paulo é cruel, ou melhor, gosta de brincar com quem mora na cidade e, quando menos se espera, o calor previsto para o dia se transforma numa rajada de vento sul e o frio entra com tudo, cortando a pele, doendo nos ossos, justamente quando estamos sem casaco, desprotegidos de tudo e sem ter para quem pedir socorro.

Nada de novo debaixo do sol. Já foi pior. Lembro, quando eu era criança, de certos dias cinzas, com uma garoa fininha caindo, e o frio brutal que entrava pelas frestas da japona. Duro era aquele frio.

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