Cada vez mais a administração gosta menos da cidade
É assustador, mas está evidente que cada vez mais a administração municipal gosta menos da cidade e de quem mora nela.
Primeiro foram as faixas de ônibus. Tormento anunciado, mas perto do passo seguinte, se transformaram num tormentinho.
Na sequência, vieram as faixas de bicicletas. Estas sim, se mostraram um tormento completo, sessão de tortura com chancela da inquisição, da Gestapo e das ditaduras comunistas. Sobreviver a elas exige paciência, sessões de análise, remédios psicodélicos e hipnose, para dar a sensação de conforto de que um dia essa administração vai embora.
A lógica é terrível. Poucos quilômetros de faixas pintadas com urucum boliviano atrapalham milhões de pessoas, em nome de colaborar com menos de 0,005% das viagens feitas pela cidade.
O furor vermelho é de tal ordem que até nos bairros estritamente residenciais a administração que não gosta da cidade pintou as faixas do terror.
É verdade que aos poucos vai ficando claro que a ação não foi apenas incompetência. Não, por trás dela há uma intenção diabólica, digna de desenho animado de Walt Disney: as forças do mal, comandadas por um ogro vermelho, querem acabar de destruir a cidade.
Para isso a ideia é arrasar os bairros com áreas verdes em nome da socialização do espaço público. Enquanto no mundo todo se planeja pensando em como resgatar as áreas degradas, aqui se faz o contrário, se degrada as áreas preservadas, num “happening” ou “Goetterdaemmerung” em homenagem à queda do grande eleitor de postes.
E, para complicar mais o que já está péssimo, agora a coleta de lixo é deliberadamente feita nos horários de pico, de manhã, na hora do almoço e de tarde. É planejamento pra ninguém colocar defeito.
Voltar à listagem