Os destroços que já foram praça
Durante décadas a Praça Vilaboim foi dos lugares charmosos, encantadores e agradáveis de São Paulo. Por isso ela se transformou em sinônimo de qualidade de vida, padrão de civilização, ponto de descolados e um dos locais gostosos para se passear, comer, comprar livros e CD’s, enfim, encontrar gente de bem com a vida.
Pena que nada dura para sempre, até quando não tem razão para não durar. A Praça Vilaboim hoje é um lugar triste, com imóveis vazios, o samba do crioulo doido pintado no chão e um arremedo de alegria, que não lembra nem vagamente os piores dias da época de fartura.
Numa alucinada obra de arte abstrato-pós-impressionista, o asfalto da região foi tomado de assalto pelo vermelho mixuruca do urucum boliviano, aplicado para durar três chuvas ou duas semanas de trânsito.
O traçado segue o plano do ET que imaginou as linhas de Nasca e parece que tem como objetivo secreto, de acordo com quem entende, causar o máximo de acidentes no menor espaço de tempo.
A coisa sobe por um lado; cruza para o outro; se estende feito uma coral com fome; atravessa de novo; ocupa as áreas das antigas zonas azuis; corre entre as novas zonas azuis e a calçada; e sobe em direção da Rua Piauí sem que passem por ela 10 bicicletas por dia.
Se a CET em algum momento se superou, foi esse. O que ela fez na Praça Vilaboim é trabalho de gente grande. De profissional.
O resultado é tão espetacular que as casas permanentemente ocupadas nos últimos 20 anos por lojas descoladas e restaurantes gostosos estão sendo abandonadas e trocando os antigos letreiros geradores de impostos por placas de “aluga-se”. Como diria minha avó: qual será o final disso tudo? Lembre-se você poderá mudar essa história.
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