Tem horário de verão
Tem horário de verão, então o dia fica mais longo. Tem gente que gosta, tem quem não gosta, tanto faz, o fato é que São Paulo tem horário de verão. Então os relógios estão adiantados uma hora e fica mais claro enquanto o pessoal bebe uma cerveja gelada. Não? É chope? Ok, o pessoal bebe um chope bem tirado.
A vida podia ser tão mais fácil. Somos nós que complicamos. O ser humano não é fácil, nem simples. Pelo contrário, quando fica fácil e simples, alguém inventa alguma coisa para ficar complicado.
Parece que tem gente que gosta de ser infeliz. Um grande romancista escreveu que não existe romance escrito em cima de história de amor com final feliz. Que não dá liga, não tem emoção.
A vida segue mansa, sem imprevistos, sem sustos, sem traumas, sem separação ou distância que abale o amor imenso que os dois dão e recebem.
Porque amar de verdade não é dar, nem receber, separadamente, é dar e receber, tudo junto, de uma forma plana e natural, feito um rio largo correndo numa campina.
É assim que é, ou que deveria ser, mas, na prática, quando o rio começa a correr manso, surge uma pedra, uma cachoeira, uma corredeira e o que podia ser bom fica complicado, o gesto de carinho para no meio.
E a gente fica sem saber o que fazer.
Tanto faz, agora é fim de tarde de um dia de verão, mais claro porque tem horário de verão, e eu estou com vontade de parar, descer do mundo, encostar num barranco, debaixo da sombra de uma árvore, e ficar vendo a vida passar.
Fazer o quê? Se não tem jeito, ajeitado está.
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