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Crônicas & Artigos

em 20/12/13

Seguros e férias

Originalmente publicado no jornal Sindseg SP
por Antonio Penteado Mendonça

Será que é verdade que as seguradoras não gostam das férias de verão? Aliás, antes disso, por que as seguradoras teriam algo contra as férias de verão? A resposta pode parecer simples: nas férias de verão aumentam os sinistros e, com eles, as despesas suportadas por elas. Mas será que ela se mantém?

A resposta é não. É verdade que os sinistros aumentam, mas não é verdade que eles tenham a capacidade de desestabilizar o setor de seguros. Assim, não é verdade que as seguradoras não gostem das férias de verão.

Elas gostam das férias, como gostam das festas de final de ano. Faz parte da tradição e servem como válvulas de escape para as tensões da vida moderna. Ou seja, são ferramentas importantes para a manutenção da qualidade de vida, essa sim, a razão de ser de uma companhia se seguros.

A função conceitual de uma seguradora é garantir o patrimônio social. Proteger o segurado contra os riscos que ameaçam sua existência, capacidade de ação e patrimônio. Ao fazer isso, a seguradora não está mais do que garantindo a qualidade de vida da população. Assumindo a responsabilidade de pagar as indenizações decorrentes dos prejuízos causados por eventos previstos na apólice, a seguradora está permitindo que o segurado, e indiretamente a sociedade, não perca sua capacidade de investimentos, a capacidade de gerar novos negócios e aumentar o faturamento e, com ele, aumentar e distribuir a riqueza.

Nas férias de verão aumentam as chances da ocorrência de sinistros. O primeiro fator é o clima. É nessa época do ano que acontecem as grandes tempestades, com certeza o evento mais devastador de todos os que atingem o território brasileiro. Seja pelos danos causados pelas enchentes, seja pelos decorrentes dos deslizamentos de encostas ou desmoronamento de imóveis, as chuvas de verão são dramáticas e custam caro.

Mas seu maior custo para as seguradoras está na carteira de automóveis, cuja cobertura compreensiva garante indenizações para os danos causados pela água. Como a sociedade ainda não atentou para a possibilidade da contratação de seguro para os imóveis, este tipo de seguro tem pouca demanda, o que faz com que as garantias não sejam as mais adequadas.

Além dos danos de origem climática, as férias propiciam a elevação do número de vários acidentes que acontecem, antes de tudo, pela falta de prática do segurado. São os acidentes pessoais causados pela prática de esportes ou atividades de risco com as quais ele não está acostumado.

Quantos brasileiros, nas férias de verão, se lançam de tirolesas, fazem rapel, montanhismo, ciclismo, andam de barco, esquiam e por aí vamos? A maioria não tem qualquer intimidade com estes esportes, mas uma das consequências das férias, do calor e de uma cerveja gelada é nos deixar mais soltos, mais irresponsáveis, mais corajosos e, assim, sujeitos a mais acidentes.

Também aumentam os casos de furtos e roubos de todos os tipos, principalmente os assaltos a residências. Na medida em que várias famílias viajam, deixam suas casas vazias, tornando-as alvos de ladrões que não perdem a ocasião para uma visita. De outro lado, a procura por casas de veraneio também abre uma avenida de possibilidades para os ladrões, que assaltam nas ruas, nos bares e restaurantes e dentro das próprias casas, fazendo a festa com os turistas que não conhecem as manhas da região.

Estes eventos têm dois efeitos: aumentam os valores que as seguradoras devem indenizar e concentram a ocorrência dos fatos em um espaço de tempo reduzido. Em princípio, isto poderia afetar o caixa da companhia, uma vez que ela terá que pagar mais em menos tempo.

Mas as seguradoras sabem como é o ritmo de seu negócio. Assim, reforçam o caixa e se protegem através da contratação de resseguros específicos, que as protegem de eventuais desembolsos inesperados, pelo valor e pela concentração no tempo.

Diante disso, fica evidente que as férias de verão não são inimigas das seguradoras. Muito pelo contrário, o setor de seguros quer que todos aproveitem ao máximo os dias de lazer. É a melhor forma de reduzir a sinistralidade ao longo do ano.

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