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Crônicas & Artigos

em 19/01/15

Nem todo mundo é Charlie

por Antonio Penteado Mendonça

O atentado que matou 12 pessoas em Paris provocou reações indignadas nas mais variadas partes do mundo. A mais visível foi, sem dúvida, a marcha pelas ruas da capital francesa, onde mais de 3 e meio milhões de pessoas foram expressar seu repúdio à boçalidade do crime.

Desde que o atentado se tornou público, manifestações de apoio ao jornal “Charlie Ebdo” e às vítimas do atentado tomaram de assalto todos os canais de comunicação, especialmente a internet.

Mas, em verdade, o que estava sendo repudiado? O atentado, no qual as vítimas foram metralhadas sem apelação, o ataque à liberdade de expressão ou os dois?

“Eu sou Charlie” se espalhou pelo mundo, mas quantos realmente acreditam no direito incensurável da manifestação da opinião de cada um, seja nos termos em que for?

Começando pelos Estados Unidos, o lugar onde as liberdades individuais são levadas a sério, será que as charges do jornal “Charlie Ebdo” seriam aceitas? Será que uma única das grandes universidades que fazem do país a potência que é aceitaria no seu campus uma publicação com charges como as do jornal francês? Pouco provável.

Cuba, Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador com certeza não são Charlie. Mas vamos deixar cada um cuidar do seu galinheiro.

Será que no Brasil, distorcido pela indiferença, pela miopia, pela corrupção, pela apatia, pela tolice e pela vontade de também chegar lá, todos são “Charlie”?

Será que o PT que quer o controle da mídia é “Charlie”? Será que a parte do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública que impõe o seu certo é “Charlie”? Será que os “brasileiros e brasileiras” que criticam e olham torto para tudo que não é como eles querem são Charlie?

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