Os flamboyants
Os flamboyants são árvores de madeira mole, que crescem depressa e têm vida curta. Ao contrário dos jacarandás, dos carvalhos, dos ipês ou das perobas, que levam séculos para encorpar, os flamboyants em poucas décadas atingem seu tamanho máximo. E em outras poucas décadas envelhecem e morrem, normalmente com menos de 100 anos.
Tanto faz, enquanto estão vivos os flamboyants são deslumbrantes. Nesta época do ano, floridos, seus cachos vermelhos claro trazem alegria para a cidade, beleza para os olhos e bom humor para o coração.
Hoje em dia não tem mais tantos flamboyants. Eles foram morrendo e não foram replantados, nem nas ruas, nem nas praças, nem nos jardins.
Aliás, os jardins vão minguando, devorados pelo progresso que transforma São Paulo num imenso paliteiro, numa rapidez inacreditável.
Quem duvida que vá até a Praça do Por do Sol, no Alto de Pinheiros. O que era horizonte sem fim, de 20 anos para cá começou a encolher, tapado pelos prédios construídos em todas as direções.
Mas os flamboyants fazem sua parte. Tentam de todas as formas manter o clima positivo, que já fez São Paulo se orgulhar de ser a cidade que mais crescia no mundo.
Que bobagem! Mas, à época, quanto orgulho! Se soubéssemos naqueles dias o que sabemos agora, parodiando o antigo samba, não teríamos feito o que fizemos, não teríamos perdido a qualidade de vida.
Tanto faz, os últimos guerreiros continuam aí, feito o último dos moicanos, esperando para entrar no céu dos flamboyants.
A luta continua. Não há descanso, nem paz. A vida pega pesado e as armas que eles têm são suas flores, suas folhas verdes claro e o tronco com ar de tronco de árvore centenária. Agora é a hora e a vez dos flamboyants. Bem vindos! E que sua festa seja a mais bela.
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