60 anos do Roma

por Antonio Penteado Mendonça

Que são 60 anos diante das pirâmides? Do Parthenon? Da Muralha da China? Do Coliseu?

Que são 60 anos diante dos mosteiros da Batalha e dos Jerônimos?

Diante da cozinha do Mosteiro da Alcobaça? Do Le Procope, em Paris? Da sala de jantar do Castelo de Windsor?

Nesse mundo tudo é relativo. Se 60 anos podem não ser nada, podem também ser muita coisa. Quantos restaurantes brasileiros que você conhece chegaram aos 60 anos?

Existem, mas não são muitos. Ao contrário, são até bem poucos.

É curioso, mas eu continuo frequentando o primeiro restaurante a que eu fui na vida. O Restaurante Roma, em Higienópolis.

É justamente ele que está completando 60 anos. Nas primeiras vezes que fui lá, fui de calça curta de flanela, blazer e gravata. Naquela época era obrigatório usar gravata nos restaurantes. Não sei se a regra se aplicava às crianças, mas era assim que minha mãe me vestia, quando ela e meu pai nos levavam jantar fora, algumas noites de domingo.

Íamos apenas a dois restaurantes. O Roma e o Trastevere. O Trastevere, depois de passear por mais de um endereço, fechou as portas por volta de 1990, quando estava instalado numa casa perto do Roma.
O Roma, não. Continua lá, na Rua Maranhão, firme e forte, no mesmo casarão em que foi inaugurado 60 anos atrás.

Nunca mudou de endereço, nunca perdeu sua fachada, nunca deixou de ter pratos muito bons, como a truta com amêndoas, o espaguete à Carbonara e um fartíssimo carrinho de frios e outro de sobremesas.

É um lugar tranquilo para se almoçar nos dias de semana. E famoso pelo almoço de domingo. Honesto, com bom serviço, fácil de ir e com manobrista na porta, até hoje é dos restaurantes que eu gosto de ir.