Seminário o verão está chegando
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
No último dia 5 aconteceu o seminário “O Verão Está Chegando – Mudanças Climáticas, Urbanização e Vulnerabilidades – Impactos no Curto Prazo”. Realizado pela Academia Paulista de Letras, pelo Sindseg-SP (Sindicato das Seguradoras de São Paulo) e pela CNSEG (Confederação Nacional das Seguradoras), o evento teve mais de 200 inscritos. Com palestras do ex-ministro José Goldemberg, do Secretário para Mudanças Climáticas do Município de São Paulo, José Renato Nalini, e do jornalista João Lara Mesquita, do site “Mar Sem Fim”, intercaladas com exposições de técnicos do CEMADEM (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e dos Governos do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, foram focados e debatidos os principais pontos que agravam o problema, desde a pouca relevância do Brasil como emissor de gases do efeito estufa até as medidas concretas que estão sendo implantadas para minimizar um quadro que, ao longos dos anos, tem causados danos bilionários, principalmente aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Mas se os danos materiais atingem biliões de reais, mais grave ainda são as mortes em consequência das tempestades de verão – desmoronamentos, inundações, enxurradas, deslizamentos etc. Esses eventos não são novos, já aconteceram no passado, com resultados tão apavorantes quanto os atuais. Por exemplo, o Professor Goldemberg recordou Porto Alegre tomada pelas águas quando ele era menino, na década de 1940. E não custa lembrar que um deslizamento da Serra do Mar praticamente cobriu Caraguatatuba de lama na década de 1960. O que mudou é que agora acontecem com mais frequência.
As mudanças climáticas já aconteceram. Neste momento vivemos a emergência climática resultante delas. É importante seguir nas discussões do que fazer no longo prazo para reverter o quadro, mas é tão ou mais importante para o dia a dia dos habitantes das áreas de risco discutir as medidas necessárias para minimizar o impacto desses fenômenos, principalmente nos próximos meses, quando as tempestades de verão atingirão com violência o território brasileiro.
Ficou claro que as autoridades não estão paradas, esperando a destruição se materializar para só então agir, depois das tempestades terem devastado uma ou várias regiões localizadas, principalmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Os fenômenos estão sendo mapeados, o que já mostrou que a temporada das tempestades cresceu. Agora elas começam em meados de outubro e podem se estender para além de março, fora da época tradicional de sua incidência, e mesmo em outros meses do ano, como aconteceu no Rio Grande do Sul.
Além disso, medidas concretas para reduzir os impactos das tempestades estão sendo implementadas, desde a instalação de sirenes e avisos pelos celulares até a realização de obras de contenção de encostas e canalização e redução da força das águas.
Como não poderia deixar de ser, a importância do seguro e das seguradoras como instrumentos para minimização dos danos foi enfatizada e colocada como uma alternativa a ser agregada ao rol de providências e ações necessárias para minimizar os danos de todas as naturezas que com certeza se abaterão sobre o Brasil nos próximos meses.
No final, ficou decidido que o evento acontecerá anualmente, sendo que, em 2025, deverá ocorrer em setembro, para contribuir com sugestões para a COP 30, que terá lugar em Belém do Pará.