Números de gente grande
Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
No primeiro semestre do ano as empresas do setor de seguros pagaram cento e doze bilhões de reais em sinistros, resgates, prêmios e sorteios. É número de gente grande, mais de vinte bilhões de dólares. Um crescimento de mais de vinte por cento em relação ao realizado na mesma época do ano passado. A se manter a tendência, ao longo de 2022 as empresas do setor desembolsarão mais de duzentos bilhões de reais atendendo aos pagamentos decorrentes das demandas contratuais específicas de cada tipo de negócio.
Importante salientar que nestes números não estão computados o resultado dos planos de saúde privados. Mas a se tomar como base o total pago pelas operadoras de planos de saúde ao longo de 2021, se não houver qualquer variação em relação ao ano anterior, são mais ou menos cem bilhões de reais no primeiro semestre e mais cem bilhões de reais no segundo semestre, totalizando duzentos bilhões de reais e elevando a transferência de recursos do setor para a sociedade para algo próximo de quatrocentos bilhões de reis no final do exercício.
Até agora, o setor apresentou um crescimento de seis por cento no faturamento, expurgada a inflação. Num cenário como o que o país atravessa é dos melhores desempenhos entre todos os setores econômicos e aponta que no final o ano teremos um faturamento de mais de quinhentos bilhões de reais, somados seguros gerais, pessoas, previdência complementar aberta, capitalização e planos de saúde privados.
Sem entrar em detalhes quanto aos planos de saúde privados, pressionados pelo agendamento dos procedimentos ainda represados, somados aos procedimentos de rotina, vale salientar que algumas carteiras de seguros tiveram participação mais pesada no aumento dos pagamentos realizados. Entre elas se destacam os VGBL’s, os seguros rurais e os seguros de veículos. Em conjunto eles tiveram um aumento de mais de vinte bilhões de reais em relação a 2021.
Se subtrairmos do faturamento estimado para o ano os pagamentos a serem feitos ao longo do exercício pelos diferentes players, teremos um resultado bruto positivo próximo de cem bilhões de reais. Mas isto não é lucro, isto é o que sobra, depois dos pagamentos das obrigações contratuais, para custear as despesas comerciais, administrativas e impostos de mais de oitocentas empresas.
Vale dizer, no final do ano os acionistas da maioria das companhias do setor estarão longe de estar nadando em dinheiro. Ao contrário, os resultados de 2022 serão o retrato de um ano duro, um ano de margens estreitas, principalmente pelo aumento da sinistralidade e pela dificuldade de reajustar os preços para os patamares ideias para remunerar adequadamente a operação das companhias.
Faz parte do jogo e num país como o Brasil, chacoalhado pelas diferentes ondas que vão nos atingindo é um desemprenho mais do satisfatório, capaz de garantir a solidez do setor e permitir os investimentos necessários para preparar a atividade para o ano que vem, que, de acordo com os especialistas, também será um ano difícil.
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