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Crônicas & Artigos

em 14/05/21

Pandemia e Sinistralidade

Originalmente publicado no jornal SindSeg SP.
por Antonio Penteado Mendonça

A pandemia do coronavírus teve o condão de interferir na vida do planeta, afetando e modificando relações e normas de todas as naturezas. O comércio internacional, ao longo de 2020, foi seriamente abalado. A produção industrial teve um primeiro momento de forte retração. Os serviços foram desorganizados, escritórios foram substituídos pelo home office. As relações internacionais sentiram o peso da volta de um nacionalismo protecionista adotado pelas mais diversas nações. Enfim, o mundo pós coronavírus sentiu o impacto da pandemia e reagiu de acordo com as diferentes realidades de cada país.

Se 2020 foi um ano difícil e recessivo para quase todos os países, 2021 tem um desenho diferente. A China, por exemplo, já demonstrou enorme capacidade de recuperação, crescendo mais de 18% no primeiro trimestre. À medida que o ano vai correndo, outras nações vão se recuperando e, ainda que a volta à normalidade esteja distante e sujeita à ameaça de uma terceira onda do vírus, o cenário começa a se desanuviar em nações como o Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos.

Infelizmente, o Brasil está no lado feio da história. Estamos longe de conter o avanço da pandemia, o número de novos casos e de óbitos diários continua em patamares muito elevados, não temos vacinas para aumentar o ritmo da imunização da população, o Governo Federal insiste em não assumir a coordenação do combate à pandemia, parte da sociedade não obedece as regras de distanciamento social e acabamos de instaurar uma CPI para apurar responsabilidades na pandemia que ninguém tem ideia de como se desenvolverá.

Como não poderia deixar de ser, este cenário, somado à recessão de pouco mais de 4% do ano passado e às mudanças de patamar do auxílio aos cidadãos e às empresas abalados pela crise, está cobrando seu preço e ele é caro.

O setor de seguros, em 2020, experimentou uma realidade interessante, que acabou por melhorar o desempenho de várias seguradoras. Com o isolamento social e grande número de pessoas, num primeiro momento, ficando em casa, houve a redução da sinistralidade em algumas carteiras de seguros. O quadro foi completado pela redução da atividade econômica, que teve o condão de reduzir o ritmo de funcionamento da indústria, do comércio e dos serviços, encolhendo o número de eventos cobertos e, consequentemente, o valor das indenizações.

2021 apresenta um cenário um pouco diferente. Conversando com executivos de importantes seguradoras e corretores de seguros dos mais diferentes vieses, fica claro que, de forma geral, a diminuição da atividade econômica continua impactando positivamente a sinistralidade das seguradoras. Mas já é possível se verificar um aumento significativo da sinistralidade geral em relação a 2020. Além disto, essa verdade não se aplica a algumas carteiras que estão sofrendo bastante em função da crise.

É o caso do seguro de fiança locatícia. E a pancada foi nas duas pontas. Em função da pandemia, houve um aumento importante na taxa de inadimplência do pagamento de aluguéis e, consequentemente, houve um aumento importante do valor das indenizações pagas. Ao mesmo tempo, a crise fechou milhares de empresas, que devolveram os imóveis onde funcionavam, além de inibir novos contratos de locação, o que, como não poderia deixar de ser, impactou a venda de novas apólices de fiança locatícia.

O seguro de vida também sente, de um lado, o aumento da sinistralidade decorrente do elevado número de óbitos causados pela covid19 e, de outro, os reflexos do desemprego no faturamento do seguro.
Neste cenário, pode-se dizer que 2021 será um ano mais difícil e mais complexo do que foi 2020. Se o ano passado não foi um bom ano para o setor de seguros como um todo, 2021 tem tudo para não ser melhor. Ainda que a queda da sinistralidade geral ajude na redução das despesas das seguradoras, esta conta não será homogênea. Dependendo do mix de produção, algumas companhias serão mais impactadas e isso pode levar à necessidade de novos aportes de capital.

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