Cultura, para quê cultura?
Não é verdade que o governo Temer é o culpado pelo incêndio do Museu Nacional. Ele não é mais culpado que qualquer outro governo no passado visível. Todos se omitiram, não investiram em cultura ou se preocuparam com o patrimônio brasileiro. Show de funk, filme sobre o Brizola, disco de rock, etc. pode, cultura, não.
É só lembrar o incêndio do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo; o incêndio na Cinemateca, em São Paulo; o incêndio no Memorial da América Latina para se ver que a coisa é muito mais cruel.
O incêndio aconteceu no Museu Nacional da mesma forma que poderia ter acontecido no Museu do Ipiranga, fechado há alguns anos por risco de desabamento e com a vaga promessa de ser reaberto em 2022, nas comemorações dos 200 anos da independência.
Para dar um parâmetro de comparação para a preocupação dos nossos políticos com a história ou a cultura do Brasil, basta elencar os 500 mil reais gastos com a lavagem de automóveis ou os 600 mil reais gastos com compra de café pela Câmara dos Deputados.
A verba para o Museu Nacional era de 500 mil reais por ano, que não eram integralmente repassados porque a direção da Universidade Federal do Rio de Janeiro tinha outras prioridades.
Esse é o retrato da cultura brasileira dentro das preocupações dos nossos homens públicos. Nenhuma! O assunto não vale a pena. Muito melhor matar o passado e esconder uma história maravilhosa, feita por gente que construiu um país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados.
Afinal, a comparação entre o que temos hoje e o que já tivemos no passado vai deixar muita gente que se acha importante pequenininha. Ou alguém imagina que, numa comparação séria, os últimos presidentes têm chance de fazer bonito contra José Bonifácio ou o Regente Feijó?
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