Crueldade fora de propósito
Eu não entendo o que leva alguém a abandonar um animal. Durante muitos anos, era moda soltar gatos nos jardins da Santa Casa. A USP também é um bom local de desova. Basta ver o número de cães soltos em sua imensa área, andando em grupos mais ou menos fechados, cada um dono de um determinado pedaço do campus.
Há poucos dias, fazendo meu exercício numa caminhada por lá, dei com quatro cães que evidentemente tinham sido soltos há muito pouco tempo. Dois cães pretos e dois cães baios, aquele amarelo amarronzado tão típico de nossos cães “multirraças”.
Um dos cães pretos era um filhote com forte traço de labrador. O outro não era muito grande, mas com certeza já era um cão adulto. Quanto aos dois baios, eu não consegui perceber se algum era filhote, mas a chance de serem adultos é bem maior.
Fiquei triste ao ver que um deles tinha uma corda amarrada no pescoço. Quer dizer, alguém os levou até a Cidade Universitária e deliberadamente os abandonou por lá.
Como os quatro não latiam e tentavam, sem firmeza, seguir as pessoas, é de se imaginar que foram soltos juntos.
Confesso que eu não consigo entender alguém ter um animal de estimação e depois de um tempo decidir abandoná-lo. Se não quer mais, que tal tentar dar para um amigo?
De outro lado, num país completamente torto como é o Brasil de hoje, onde 65 mil pessoas são assassinadas e outras 46 mil morrem nos acidentes de trânsito todos os anos, querer que todos tenham amor pelos animais de estimação é sonhar um pouco alto.
Tem gente má. E a maldade pode atingir pessoas e animais, indistintamente. É só olhar os números. Pena que é assim.
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