O horizonte em volta da USP
Imagine Júlio de Mesquita Filho, Armando de Salles Oliveira, Paulo Duarte e outros fundadores da Universidade de São Paulo, em 1934, sentados num dos morros da Fazenda do Butantã, apontando no terreno onde seriam os edifícios da Cidade Universitária, que abrigaria as instalações da recém-criada Universidade, no enorme espaço vazio da antiga fazenda do Governo do Estado.
Ali, a Reitoria, atrás dela, a Faculdade de Engenharia, na frente, ao pé do morro, a Faculdade de Filosofia.. eram como deuses dispondo os astros, no caso, imaginando a Cidade Universitária que seria erguida ao lado do Instituto Butantã, nas terras da fazenda comprada para abrigar e manter a fabricação das vacinas longe da cidade e de sua população, que tinha medo do contágio.
Esta cena é descrita por Paulo Duarte e quem me contou dela foi o sociólogo e professor José de Souza Martins, profundo conhecedor de São Paulo, seus arredores e da longa e maravilhosa história que se inicia por volta de 1513 e segue até hoje, numa das mais vibrantes regiões urbanas do mundo.
Em 1934, todos os horizontes em volta da fazenda do Butantã eram largos e sem obstáculos e a vista seguia longe, até os distantes montes que cercam o Planalto de Piratininga.
Imagine Júlio de Mesquita Filho, Armando de Salles Oliveira e seus companheiros sentados no mesmo alto de morro num domingo de manhã de agosto de 2018.
O horizonte curto em direção a Osasco, os prédios subindo atrás deles, nas encostas do Butantã, o outro lado do rio fechado pelas torres de todos os tamanhos, de fora a fora, até a distante Avenida Paulista. São Paulo mudou muito em 80 anos e segue em frente, insaciável até hoje.
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