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Crônicas & Artigos

em 05/09/18

Dois lados do mesmo lado

Confesso que eu fico um pouco constrangido e me pego pensando sobre o futuro das pessoas cada vez que, num almoço de domingo, eu vejo a família da mesa ao lado, pai, mãe e filhos, cada um entretido com seu celular ou tablet, completamente indiferente aos outros.

Não ter o prazer de uma conversa, não trocar ideias, não treinar a comunicação física através da palavra e dos gestos não pode ser saudável. Ou melhor, para mim não é saudável. Eu preciso do olho no olho, do gesto, da mão se abrindo ou fechando, das proximidades e distâncias, do contato pessoal.

Quem sabe eu já seja a exceção à regra, mas me parece muito estranho ver uma família junta sem se comunicar através da mais antiga forma de comunicação inventada pelo ser humano: o som, a fala, o tantan, o sinal pelo qual sensações, vontades, experiências, carinho, amizade e amor são passados de uma pessoa para outra, exprimindo de forma mais ou menos quente aquilo que vai na alma ou, menos do que isso, aquilo que passa pela cabeça de alguém e que ele quer repartir.

Ainda que a máquina consiga traduzir em palavras exatas toda a complexidade de um sentimento ou uma sensação que um simples olhar consegue transmitir, como a máquina irá passar o intangível da relação, sua profundidade e as variáveis da emoção?

Não sei se existe um app para transmitir sensações. Como transmitir o que é impossível de ser colocado em palavras, mas que, através de um simples gesto, é integralmente passado a outra pessoa? Será que o app tem a capacidade de passar calor humano, arrepio, ansiedade, desejo, medo, frio na barriga, tristeza e felicidade?

Os sites de relacionamento estão aí e são um sucesso. Mas como se dar bem neles sem saber como se relacionar?

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