Um grande negócio
É comovente como as autoridades públicas ficam eficientes depois que a porteira é arrombada. Mais comovente ainda como fazem cara de espanto quando as vítimas da tragédia do Largo do Paissandu dizem para a imprensa que eram achacadas e pagavam aluguel para os líderes dos movimentos sociais por trás da invasão de um prédio da União, em processo de transferência para o Município.
Será que nossos próceres imaginam que enganam alguém? Será que lhes ocorre que alguém acredita que eles não sabem que os movimentos sociais cobram taxas democraticamente revolucionárias, além de receberem dinheiro público para infernizarem a vida da cidade?
A grande lição do desmoronamento do Edifício Wilton Paes de Almeida é que, tirando os que são usados como massa de manobra e sonham com a casa própria, ninguém quer a construção de casas populares.
O negócio não é construir casas populares. O negócio é invadir o que não é seu e, a partir daí, montar uma eficiente máquina de cobrança de contribuições voluntárias, compulsoriamente pagas, para custear a luta pela moradia.
De um lado, os invasores apinhados feito sardinha em lata em ambientes sem qualquer condição mínima de vida digna e, de outro, no bem bom de suas casas, os líderes dos movimentos, muitos deles fumando caros charutos cubanos e bebendo vinhos e uísque de primeira.
E boa parte da festa paga por cada um de nós, que pagamos impostos e não somos consultados se estamos de acordo. Não tem nada de novo debaixo do sol. A Prefeitura dá um auxílio mensal para os cadastrados como sem moradia. Será que alguém em sã consciência imagina que este dinheiro fica com eles? Somando o dinheiro público com o que é cobrado dos invasores, não há negócio melhor que alugar imóvel invadido.
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