22 de abril
O Brasil é um país muito curioso. Nós temos feriados para tudo e mais alguma coisa, mas não comemoramos o dia em que a história começou.
Quando eu era criança, o dia 22 de abril era feriado. O Descobrimento do Brasil fazia parte da lista de feriados que deixava o ano letivo menor do que um semestre, em termos de dias de aula.
Preciso reconhecer que, mesmo com este desenho fantástico, no qual os alunos brasileiros tinham 3 meses de férias, mais uma pancada de feriados, o ensino nacional tinha outra qualidade e a formação das pessoas era de outro nível.
Aliás, na época, pelo menos uma vez por semana se cantava o Hino Nacional no pátio das escolas e a Bandeira Nacional era hasteada com os alunos em posição de sentido.
Eu sei que os tempos são outros, mas, enquanto o mundo forma alunos capacitados para os desafios que virão pela frente, nós insistimos numa pauta completamente distorcida por ideais políticos, visões ultrapassadas e um terceiro-mundismo crônico, que nos faz derrapar de volta para o fundo do poço cada vez que ameaçamos dar certo.
A nossa capacidade de descobrir novas datas só perde para os dois mil anos em que a igreja foi criando santos e um dia especial para cada um. São tantos santos que tem dia que não cabe mais nem beato.
O nosso 22 de abril foi tirado da folhinha e tudo seguiu em frente, como a vida segue mesmo, tanto faz o que pensam ou querem os seres humanos.
Esta crônica é para trazer à reflexão se não seria o caso de reinstituir o feriado de 22 de abril. Afinal, com a comemoração do Tiradentes no dia 21, garantiríamos meia semana de feriado todos os anos.
Pense nisso. É falta de patriotismo e de senso histórico o 22 de abril não ser feriado. Mas, aqui, o que vale mesmo é o dia sem aula ou trabalho.
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