Os ipês rosa floriram
Não, não é porque são patrióticos. Ou melhor, por serem brasileiros até o último fio de raiz, até o mais fino dos galhos, até a menor de todas as folhas, a florada dos ipês não pode ser creditada à Copa do Mundo.
Não, eles estão além dela. Florescem há séculos, no começo, no meio das matas e nos campos, depois, nas cidades, para onde foram levados para enfeitar a vida a dar sorte aos homens, como é o caso do ipê amarelo da Santa Casa.
Mas ainda não é hora dele florir. Agora, são os ipês rosa. E eles chegam com jeito de quem quer fazer bonito, num ano em que as chuvas estão escassas e por isso mexem com toda a flora, além de assustar os homens com a ameaça da falta d’água.
Descobri que os ipês tinham se vestido pra festa voltando do Guarujá, quando entrei na Avenida dos Bandeirantes.
De repente o rosa tomou conta de um pedaço de céu, e de outro, e de outro, como se fosse responsabilidade das árvores enfeitar o céu, que nessa época do ano fica mais carregado pela poluição.
Comecei a prestar atenção em volta. Não são só os ipês da Avenida dos Bandeirantes, não; os ipês rosa estão dando o ar da graça por toda a cidade.
E eles têm a capacidade de florir com convicção. Se enchem de flores como se dependesse delas a felicidade do mundo. São democratas, não escondem o tempo de festa, nem que estão de bem com a vida.
Para eles sua missão é sagrada. Abrem a sessão da florada dos ipês com a responsabilidade dos que chegam na frente, com a obrigação de fazer bonito em nome dos que vêm depois. Sejam bem vindos, os horizontes da cidade agradecem e se abrem pra vocês!
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