Os resedás
Digam o que disserem, a verdade é que o mundo vegetal tem um profundo desprezo pelas ações humanas. Ou pelo menos parece ter. Não tenho certeza se esse desprezo não se transforma em raiva na hora em que lhes cortam os troncos, mas, ainda que sendo assim, a tranquilidade com que abrem suas floradas mostra que as plantas acreditam na velha máxima de que viver bem é a melhor vingança.
Prova disso é que, nem bem os flamboyants abriram seu vermelho claro, surpreendendo quem os vê, os resedás decidiram que também era hora de entrar em cena. E o fizeram de forma esplendorosa.
Estão aí, com suas diferentes cores, enfeitando as ruas dos bairros onde estão plantados como se os problemas do mundo não fossem com eles e a eles coubesse simplesmente dar o ar da graça para fazer o dia mais feliz e as pessoas mais alegres.
Os resedás não são tão grandes como os ipês. Aliás, não são grandes sequer como as quaresmeiras. Mas têm uma forma especial e seu tronco e seus galhos claros fazem os resedás bonitos, o que eles fazem questão de mostrar, até quando não estão floridos.
A florada dos resedás não tem nada com os desmandos do PSDB. Também não quer dizer apoio ao PT ou a qualquer partido político ou pessoa metida na vida pública brasileira.
Os resedás não se misturam com esses assuntos, nem com pessoas ruins ou sem caráter. O negócio deles é a beleza do mundo, a pureza natural que reforça o azul das manhãs de verão, que encomprida o por do sol, que ergue mais brilhante a lua cheia no céu.
A florada deles fala disso. De festa no mundo. De alegria, de vontade, de acertar as coisas, de somar com Jesus, no mês do Natal, para ampliar o perdão divino e preservar a esperança que o homem vai matando.
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