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Crônicas & Artigos

em 03/11/17

De manhã na fazenda

Nós saíamos cedo, no máximo 7 horas, para buscar a tropa no pasto e depois arrear os animais para o passeio diário. A cavalgada começava com os cavalos sendo levados da cocheira para a frente da sede da fazenda. Lá eles ficavam com as rédeas no chão, parados, balançando as caudas, às vezes se estranhando, bufando um para o outro, até o pessoal descer da casa, montar e o passeio começar.

Era comum o Nego e eu buscarmos os cavalos, depois de tomar café com leite na sua casa, no fim da colônia, onde Dona Helena fazia diariamente o pão italiano que nós comíamos saindo do forno, bebendo uma caneca de café com leite bem quente.

Nos meses de inverno, era comum a névoa se espalhar pelas encostas e, mais raramente, a geada dar o ar da graça, pintando tudo de branco, para depois queimar e destruir.

O frio fazia sair fumaça da boca cada vez que respirávamos. Mas os casacos quentes nos protegiam e as calças de brim, depois renomeadas de rancheiras para jeans, ficavam molhadas porque, ao subir pelo pasto, encostávamos nos arbustos cobertos de orvalho.

A tropa era grande, mas não era difícil conduzi-la para a cocheira. Os animais estavam habituados com a rotina. Então, de manhã cedo, meio que se juntavam próximos da porteira do pasto.

Nativo e Corsário, Penacho e Valete, Rita, Bordado, Rancheira, Tesouro, Maravilha, Gastúrias, Pimpão, Sete Dedos, Gilbertão, Cigano, Zorro, Fio de Ouro, Sanhaço, Tupã, Gaúcho e outros, que eu não lembro mais dos nomes, vinham em fila no rumo da cocheira.

A tropa marchava, cada cavalo com sua balda, com uma trotada ou uma galopada quebrando o ritmo, até a cocheira, que ficava com a porteira aberta para que eles entrassem. Aí o dia começava e ser feliz era fácil.

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