Voto de confiança
São Paulo está suja, feia e esburacada. As ruas parecem campo de prova para tanques de guerra.
Os semáforos não funcionam, a CET não mudou, o trânsito para mais do que anda e por aí vamos.
Tudo culpa do prefeito, certo? Errado. Não é assim que as coisas funcionam. Eu sei por experiência própria que fazer o barco voltar a navegar na direção certa é muito mais difícil do que parece. Especialmente se o timoneiro anterior rasgou a vela, quebrou o leme e deixou o barco contra o vento.
Em São Paulo foi isso o que aconteceu. A coisa estava feia e, como não podia deixar de ser, na inércia, continuou a piorar. Não tem como estancar a sangria do dia para noite. O rombo no casco faz água e tapá-lo navegando exige habilidade, competência e um pouco de tempo.
Um ano na administração de uma cidade como São Paulo não é nada. Dá para esquentar as turbinas, mais do que isso é sonho. Não tem como ser diferente. Tem que mexer nos quadros, trocar funcionários, mudar o que tinha ou não tinha antes, arrumar dinheiro, planejar, descobrir quem rema contra, quem não faz nada, quem não sai da zona de conforto.
Tem que convencer o próximo, dar exemplo, falar a mesma língua. Não é fácil. São milhares de funcionários, centenas de secretários e diretores, cada um com seu interesse, suas crenças, vontade e preguiça.
São Paulo está suja e esburacada, é verdade, mas ainda temos que dar um voto de confiança para a atual administração. Entrar em campo sem uniforme e sem bola e ainda por cima jogar é muito complicado.
É essa a realidade. E não tem como mudar. Até o fim do primeiro ano, o que for feito é lucro. Depois, se continuar como está, é hora de cobrar pesado porque, se não acontecer nada, está tudo errado. Mais uma vez vamos ter votado certo no candidato errado.
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