Tropicalismo
Há 50 anos, Caetano Veloso, com arranjos do maestro Júlio Medaglia, lançava Tropicália e revolucionava a música popular brasileira. A chegada do Tropicalismo chacoalhou o que vinha sendo feito. A Bossa Nova e a MPB tinham uma nova companhia. Um som que virava de ponta cabeça a música e, mais que ela, a forma de se colocar dentro do mundo.
O Tropicalismo foi a grande ameaça. Sem falar em política, sem questionar o regime, sem entrar em temas tidos como tabu, a nova música entrava na cabeça das pessoas e as fazia questionar a forma de vida, o que era e o que não era, o como e porquê das coisas.
O novo som, com Caetano, Gil, Bethânia e Gal, mais Morais Moreira, Novos Baianos, Pepeu Gomes e Baby Consuelo, era um som alegre, para cima, que falava da vida, de ser feliz, de fazer e não fazer, mas trazia embutida uma enorme dose de inconformismo, de questionamento, de revolução, de mudança.
Os militares não conseguiram lidar com o movimento e o jeito foi Caetano e Gil passarem uma temporada em Londres. Era melhor ficar lá do que aguentar o tranco de haver revolucionado a revolução, ter introduzido no Brasil o novo que mexia com o mundo, que, além de questionar a arte, questionava tudo, direita, esquerda, guerra do Vietnam e as ruas de Paris.
Mais do que nunca, o mundo se perguntava o que estava acontecendo e se o que estava acontecendo deveria acontecer. O Tropicalismo trouxe para o Brasil a mudança, a inquietação e a procura pelas respostas.
Tropicália, com o seu “sobre as cabeças, os aviões”, abriu uma cratera nas defesas da ordem vigente. De repente, o de repente tinha outra cara, outro jeito, outra forma de ser, de falar, de se vestir.
50 anos atrás, Caetano Veloso e Júlio Medaglia soltaram os leões. Eles estão correndo até hoje.
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