O fim de um grande jornal
Um grande jornal não precisa ser grande no tamanho. O Tribuna do Direito é um grande jornal, publicado na forma de tabloide. Durante mais de 24 anos, o Tribuna do Direito foi um dos principais canais de comunicação dos operadores da Justiça. Agora ele chega à sua última edição.
Juízes, promotores e, principalmente, advogados, tiveram ao longo deste tempo um espaço único, criterioso, bem feito, com colaboração de nomes como Persival de Souza, Paulo Bomfim e alguns dos maiores juristas brasileiros, que escreveram regularmente em suas páginas.
Sonho do jornalista Milton Rondas, o Tribuna do Direito nasceu lá atrás, quando ele deixou a redação do Estadão para se lançar de ponta cabeça na empreitada de criar e consolidar um jornal com foco definido e perfil diferenciado para tratar dos assuntos atinentes ao Direito.
O Tribuna do Direito foi isso: um jornal feito com competência, profissionalismo, pluralidade de opiniões e uma postura íntegra diante dos fatos que, ao longo destas quase duas décadas e meia, influenciaram, interferiram ou moveram a ciência jurídica, a advocacia, a magistratura e o Ministério Público.
Processos, autores, réus, culpados, inocentes, teses, discussões doutrinárias, posições controversas, análises de decisões, irresignação, apoio, poesia, viagem, pessoas, o jornal encampava todos os temas em suas páginas singelas, com diagramação clássica.
O fim do Tribuna do Direito me pegou de surpresa. Enviei meu artigo mensal e recebi um e-mail do Milton Rondas me contando da sua decisão. Milton, meu amigo e meu editor de tantos anos, muito obrigado por ter transformado seu sonho em realidade. O Tribuna do Direito sai de cena como os grandes couraçados. Com a dignidade de um grande navio que, depois de descobrir os oceanos, vai descansar no fundo do mar.
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