O trânsito em Campos do Jordão
Para quem está acostumado com os desmandos da velha CET, a CET que está saindo de cena para dar lugar a uma companhia nova, com cabeça aberta e ideias arejadas, nenhum trânsito no mundo deveria ser uma experiência impressionante.
O terror das ruas paulistanas deveria ser forte o suficiente para preparar o indivíduo para qualquer aparição, monstro, nó cego, marronzinho gigante ou outra imagem de cinema capaz de ameaçar a sanidade de quem já não é são por conta dos desmandos diários nas ruas da cidade.
Pois pasme! Campos do Jordão pegou pesado e me deixou de olhos arregalados, ouvidos atentos e boca aberta.
Entrei na cidade e fiquei fascinado com o respeito pelo pedestre. É um pedestre colocar o pé na faixa e todos os veículos, não importa tamanho, modelo ou cor, metem o pé no breque. Param. Simplesmente param, sem se preocupar se tem alguém atrás que eventualmente não consiga parar. Todos param e isso é mais do que elogiável, é uma prova de civilização e de que as cidades serranas em geral são mais civilizadas do que as outras.
É só tomar Gramado e mais duas ou três estâncias nas montanhas para se poder afirmar que nelas o trânsito é diferente.
Mas é aí que Campos do Jordão se transforma na curva fora do ponto. Em Campos do Jordão, a única regra de trânsito que é respeitada é parar para o pedestre passar. Todas as outras não fazem parte do vernáculo do motorista local.
Da mesma forma que trafegam sempre relativamente devagar, de repente, sem aviso, param para conversar com alguém na calçada. Ou descem do carro, que deixam no meio da rua com o pisca-alerta ligado, para fazer alguma compra na lojinha do amigo e por aí vão.
Dirigir em Campos do Jordão faz São Paulo quase parecer o céu.
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