As cerejeiras da USP
As cerejeiras da USP estão floridas. Suas flores roxas tomam de alto a baixo os galhos finos que se abrem de baixo para cima, como uma taça.
Em função do roxo das flores tem quem possa perguntar se há algum acerto político, conversa de bastidores ou delação premiada ligando as cerejeiras aos ipês roxos que também estão floridos.
Não, não tem. Posso garantir que não há nada ilegal, imoral ou antiético nas duas floradas. Apenas elas acontecem na mesma época e as flores têm, grosso modo, a mesma cor.
Apesar de roxas, as flores dos ipês não se confundem com as flores das cerejeiras, nem o formato das árvores, nem sua origem. Os ipês são ipês, nativos das terras brasileiras; as cerejeiras imigraram para cá, nasceram em outra parte e foram trazidas.
Há até quem diga que vieram contra a vontade, que não queriam se aventurar pelo novo mundo, onde o solo e o clima poderiam ser adversos. Tanto faz, o fato é que vieram, e um pouco mais de meia dúzia de árvores estão plantadas na USP, próximas do monumento em homenagem à amizade Brasil-Japão, o que faz todo o sentido.
A florada das cerejeiras japonesas é atração turística. O país se embandeira com suas flores delicadas, que pautam as tradições e a arte japonesa.
As floradas das cerejeiras em Washington também são famosas. Elas foram dadas aos norte-americanos como prova de amizade pelo Japão, o que serve para mostrar que a paz entre os povos é possível, mesmo depois de uma guerra sangrenta na qual milhões de pessoas perderam a vida.
As cerejeiras da USP são muito mais modestas. Mas fazem sua parte com dignidade e competência. Elas florescem dentro de suas possibilidades e isso, nesse mundo cada dia mais louco, já é muito.
Voltar à listagem