Os Ipês chegaram
Estamos no meio do ano. Não é necessário calendário para saber disso. Os dias de outono são diferentes. Limpos, azuis, eles seriam suficientes para carimbar o tempo, no movimento da terra em volta do sol.
Mas o outono começa antes da metade do ano, então seria possível alguma margem de erro, que é suprida pela chegada da florada dos ipês. É verdade, algumas paineiras ainda estão aí, com suas flores rosas claras enfeitando a cidade, mas o tempo já não é delas, nem das anarquistas espatódias, que florescem o ano inteiro, como se quisessem bagunçar o coreto, sabe Deus porquê.
É assim porque é assim, o resto não tem importância. Os ipês estão chegando, com os roxos puxando a fila, que vai se estender por vários meses, um depois do outro, de acordo com a espécie e as cores das flores.
Os primeiros são os roxos. Em algum momento da evolução, os ipês se sentaram na relva e tiraram a sorte para saber a ordem das floradas. Os roxos ganharam e escolheram sair na frente, abrindo a temporada das floradas maravilhosas dos diferentes tipos de ipês.
É que eles sabem que os primeiros e os últimos são os que ficam, que marcam mais, que decidem a parada. É só tomar as estatísticas das cobranças de pênaltis para não se ter dúvida.
Mas aqui não é hora de discutir futebol, até com o São Paulo empaçocando o Palmeiras, a hora é dos ipês e de suas flores roxas que vão enfeitando a cidade.
Tem quem diga que os roxos são os primeiros para dar um cala a boca nas paineiras. Como as cores das flores são mais ou menos semelhantes, seria uma forma de dizer: “Tira o time, turma, que nós chegamos para arrebentar a boca do balão”. Mas eu não acredito. Ao contrário, os ipês roxos são os primeiros para manter a sequência das cores.
Voltar à listagem