Será que é só festa?
Originalmente publicado no jornal Sindseg SP.
por Antonio Penteado Mendonça
Não, não tem um seguro que garanta ao Brasil o campeonato mundial de futebol. É pena, porque no cenário dos times que disputam o torneio, apesar da seleção brasileira ser uma das mais cotadas, não é a única e, eventualmente, nem a mais forte.
Espanha, França, Alemanha, Holanda, Argentina, Itália estão pelo menos no mesmo patamar, que, diga-se de passagem, é bem inferior ao de outras Copas do Mundo.
Tanto faz, agora é Copa. O jogo começou e o país, com tudo o que revolta parte da população, é o anfitrião de um dos dois maiores espetáculos esportivos do mundo.
Não há mais o que fazer. Repetindo mais ou menos as palavras da filha de uma importante figura da política: “Agora é bola pra frente. O que tinham que roubar, já roubaram”.
É triste, mas é a verdade. A bandalheira que comeu solta aumentou o valor de todas as obras e ainda por cima atrasou ou deixou incompletas várias delas. O retrato do que foi feito e de como foi feito pode ser resumido na pergunta: o que vão fazer com os estádios de Cuiabá e Manaus depois da Copa?
Como ficam as obras inacabadas, que deixarão de ter o mesmo sentido depois da Copa? Será que alguém irá procurar os responsáveis e exigir que devolvam o dinheiro?
Com foco no que aconteceu de inusitado no passado recente, a condenação dos mensaleiros, é de se imaginar que não. Apesar de condenados, ninguém falou na restituição do dinheiro desviado. Por que seria diferente com os desvios consequentes da Copa?
Mas agora é festa. A bola já está rolando nos 12 estádios preparados para o evento. Aviões transportam milhares de torcedores de um lado para o outro, voando por cima do imenso território nacional. Bandeiras começam a aparecer. Torcidas de outras seleções fazem sua festa. A rua é do povo. Independentemente das ameaças de arruaças, badernas, greves e reivindicações que atormentam os políticos de todos os partidos e fazem com que a Presidente da República, que esperava faturar em cima do momento, fique quase que escondida, distante do que acontece nos estádios.
Pode mais quem chora menos. A bola está rolando, a festa está armada, todos querem o grande prêmio – jogadores, cartolas, treinadores, políticos e até o povão, a maior parte vendo os jogos pela televisão.
Os estádios são para poucos. Calculam que metade da humanidade verá os jogos, enquanto nos estádios cabem algumas centenas de milhares de pessoas. A desproporção é gritante. Como é gritante o preço dos ingressos diante da realidade do salário mínimo brasileiro.
Tanto faz, agora é festa, agora é Copa, agora é torcer porque em futebol a emoção sempre fala mais alto do que a razão.
O dado positivo, porque tranquiliza quem pensa nos riscos envolvidos na promoção de uma Copa do Mundo, é que o evento está segurado e bem segurado. A mais moderna tecnologia, as condições mais abrangentes e capitais segurados elevados garantem a realização do torneio.
Esta é a função do seguro. Esta é a missão de quem trabalha no setor. O que tinha que ser feito, está feito. Então, agora, bola pra frente! Agora é Copa!
Voltar à listagem